FAZER POSSÍVEL O IMPOSSIVEL

"ASSIM O ENTENDE SANTA TERESINHA: EM LUGAR DE DESANIMAR , DISSE A MIM MESMA: DEUS NÃO VAI INSPIRAR-ME DESEJOS IRREALIZÁVEIS! PORTANTO APESAR DE MINHA PEQUENEZ, POSSO ASPIRAR A SANTIDADE!"
(M.A 2v)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

ORGANIZAR O DIA



De Manhã
Quando nos despertamos pela manhã, os deveres e tarefas do dia já querem inundar?nos de toda parte (se é que já não nos angustiaram durante a noite). Vem continuamente a interrogação inquieta: "Como posso fazer tudo num dia? Quando farei isto e quando farei aquilo? Como fazer este dever, como iniciar aquela tarefa?" Seria preciso levantar?se rapidamente e imergir?se inteiramente nas atividades. Mas então é necessário tomar as rédeas nas mãos dizer a si mesmo: Calma! Por ora nada disso tudo! Esta minha primeira hora da manhã é do Senhor. Depois enfrentarei o trabalho cotidiano que ele me confia e ele me dará a graça para cumpri?lo.
Então dirijo?me ao altar do Senhor, onde não se trata só de mim e das minhas mesquinhas tarefas, mas do grande sacrifício de Redenção. Nele devo participar, purificar?me toda, encher?me de santa alegria e colocar?me sobre o altar com o sacrifício divino, todas as minhas obras e os meus sofrimentos. E quando o Senhor vier a mim na santa Comunhão, poderei pedir-lhe: "Que desejas de mim, Senhor?" (S. Teresa). E aquilo que, depois do silencioso colóquio com Ele, se me apresentará como tarefa mais urgente, será o início do meu trabalho. Se começo meu dia de trabalho assim, depois da missa matutina, terei em mim um silêncio sagrado e a minha alma estará vazia de tudo que a inquieta e lhe causa fadiga e ela se encherá de santa alegria, de coragem e energia. E eis que é tornada ampla, porque saiu de si e entrou na vida divina. Qual chama silenciosa, arde nela o amor que o Senhor acendeu e a impulsiona a dar em troca amor e acendê?lo nos outros: "flammescat igne caritas, accendat ardor próximos" (a caridade é flamejante e o seu ardor derrama?se no próximo).
A alma vê claro diante de si o próximo trecho de estrada: não vê muito longe, mas sabe que, quando o horizonte limita o seu olhar, abrir?se?á diante dela uma nova vista.
Agora começa o trabalho cotidiano: pode ser dar aulas 4 ou 5 horas consecutivas. É necessário estar sempre atenta; não se pode obter em cada hora o que se quer, e, talvez. em nenhuma outra. Cansaço, interrupções não previstas, alunos não preparados, irrequietos, briguentos. Ou mesmo o trabalho no escritório: relacionamentos com insuportáveis colegas e superiores, pretensões impossíveis, reprovações injustas, mesquinhez, talvez misérias de várias naturezas.

De Tarde
Chega a pausa do meio?dia. Volta?se para casa exausta, ofegante. E talvez aqui nos esperam novas angústias. Onde foi parar o frescor matutino da alma? Também agora se quer mergulhar de novo na lutae na tempestade: agitação, inquietude, arrependimento. Tem tanta coisa a fazer até à tarde! Não se deve recomeçar depressa? Não! Não antes de ter encontrado, pelo menos por um instante, um pouco de silêncio. Cada [pessoa] deve conhecer?se ou aprender a conhecer?se. para saber onde pode encontrar um pouco de calma. A melhor maneira, se é possível, seria despejar todos os cuidados aos pés do tabernáculo por um breve tempo. Quem não pode fazê?lo, porque talvez precise de um pouco de repouso,fique um pouco no próprio quarto. Mas se não e possível um momento de calma exterior, se não há um
ambiente propício no qual se possa retirar?se, se deveres improrrogáveis impedem uma hora de silêncio,
será necessário pelo menos fechar?se em si por um instante, separando?se de todas as coisas e refugia-se no Senhor. Ele está no nosso íntimo e pode conceder?nos num só instante tudo aquilo de que temos necessidade. Enfrentar?se?á depois todo o resto do dia: passar?se?á, talvez em grande fadiga e cansaço,mas em paz.

De Noite
Quando, depois que vier a noite olharmos para trás e virmos o quanto permaneceu incompleto e como muitos de nossos projetos não foram efetuados, se isto suscita em nós uma forte confusão e arrependimento, peguemos tudo isso, assim como é e coloquemos nas mãos de Deus, abandonemo?nos nele. Nele podemos assim repousar, repousar de verdade, para começar o novo dia com uma vida nova.

Eis uma pequena amostra de como se pode organizar o dia para dar lugar à graça de Deus. Cada [pessoal saberá bem como fazer a aplicação à própria vida.

[ ] depois, o Domingo, deve ser como uma grande porta através da qual vida divina entra na confusão
cotidiana, e que nos fortalecerá no trabalho da semana."


(E. Stein, A Mulher, citado. Em, Incontro a Dio; antologia di scrtti spirituali. A cura de Maria Cecilia dei Volto Santo. (Ciniselo

Balsamo (Mi); San Paolo 1998) p.; 44?47. Trad. Fr. Alzinir)

FOTOS DE ALGUMAS VISITAS RECENTES DE NOSSO PROVINCIAL FREI CLEBER E NOSSO DELEGADO PROVINCIAL FREI PIERINO

























sexta-feira, 6 de maio de 2016

O Leigo, despertar vocacional



VOCAÇÕES LAICAIS QUE CHAMAM

1.      CHAMADOS

Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e actividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento” (Lumen Gentium, 31).
               
Estas palavras tão preciosas e tão precisas do Concilio Vaticano II iluminam a vida dos leigos no nosso mundo. Os leigos têm a sua vocação própria, o seu próprio chamamento da parte de Deus, para desenvolvê-la na totalidade da sua vida: movidos pelo Espírito evangélico, “contribuem para a santificação do mundo a partir de dentro”. Desde esse ser fermento de que fala o Concílio, os leigos estão chamados a ser testemunhas e seguidores que, ao mesmo tempo ajudam a que outros descubram o seu próprio chamamento ao seguimento. Chamados para chamar.
               
A Palavra faz-se chamada e história. Nela, homens e mulheres encontrarão o convite pessoal de Deus à aventura crente, ao diálogo e à amizade, à confiança decidida, a saciar a sua sede de vida, a escutá-l’O também na obscuridade, a deixar-se transformar no encontro com Jesus.  

Gn. 12 - 22; Ex. 3, 1ss.; Jos, 8,1; Jui 6 - 7; Sam. 3,1ss.; Jdt. 8 - 9; Est 4, 17i – 17z; Is. 6,1-11; Jer. 1,1-10; Mt. 4,18-22; Lc. 1, 26-38; Lc 19,1-11, Jo 4, 5-29.
               
De todas estas histórias vocacionais, há duas especialmente luminosas: as chamadas de Abraão e de Maria. Com as suas peculiaridades, que os convidamos a descobrir, apresentam-nos um Deus que estabelece diálogo com a pessoa sempre à escuta. A partir de uma chamada, a vida desenvolve-se para ambos como diálogo orante, crente e confiado com o Senhor, também na obscuridade e na luta. A isso aspira toda a chamada: a prolongar a vida num constante “faça-se a tua vontade”, como Maria, que chegará até à cruz e à espera do Espírito com os amigos do Filho.
               
Homens e mulheres leigos podem encontrar nestas experiências bíblicas o eco e a luz da sua própria chamada. Descobri-l’O é ocasião para dar graças e de se entusiasmar com uma vocação pessoal que quer desenvolver-se como amizade orante com o Senhor, ao estilo de Maria e de grandes crentes, como Teresa de Ávila, oração em fé que nos leva a dizer AMÉN com alegria e esperança no caminho da vida.
               
Este centenário é ocasião para descobrir Teresa de Jesus desde a sua chamada vocacional. A sua resposta não lhe poupou lutas e sofrimento mas também a encheu de alegria e plenitude, descobrindo-lhe caminhos novos e insuspeitados que ela compartiu com quem, de verdade, deseje viver em amizade com Jesus Cristo. Assim, a sua chamada converteu-se num progressivo deixar a Deus ser Deus e Senhor da sua vida, totalmente, radicalmente. A sua resposta pode ajudar também hoje a quem, desde a vida laical, sente indecisão e medo nas lutas de cada dia.  

“Passava uma vida trabalhosíssima, porque na oração entendia melhor as minhas faltas. Por uma parte, me chamava Deus; por outra, eu seguia o mundo. Davam-me grande contentamento todas as coisas de Deus; traziam-me atada as do mundo. Parece que queria juntar estes dois contrários, tão inimigos um do outro, como são vida espiritual e contentos e gostos e passatempos sensíveis”
(V 7,17).
               
Sem dúvida, a Santa da experiência é uma boa guia. Diante das mil dificuldades para responder a Deus no quotidiano, Teresa, desde a sua ruptura interior nesse primeiro Sim que a levou ao convento, dá a clave para assumir a própria chamada: enamorar-nos de Cristo, como ela.
“Recordo-me, e a meu parecer com toda a verdade, que quando saí de casa de meu pai foi tal a aflição, que não creio será maior quando eu morrer. Parece que cada osso se me apartava de per si, pois, como não tinha amor de Deus a contrabalançar o amor de pai e parentes, fazia-me tudo uma força tão grande que, se o Senhor não me ajudasse, não teriam bastado as minhas considerações para ir por diante. Aqui deu-me o Senhor ânimo contra mim, de maneira que o pus por obra” (V 4,1).

PeRGUNTAS PARA A REFLEXão e o DIáLOGO

·      Com qual das chamadas me sinto mais identificado/a?
·      Que medos tenho… se é que os tenho?
·      Que meios tenho para viver uma resposta elegante e coerente?
·      Compreendo toda a minha vida desde a chamada do Senhor?



2. ENVIADOS
Um cenário maravilhoso se abre aos olhos iluminados pela fé: o de inúmeros fiéis leigos, homens e mulheres, que, precisamente na vida e nas ocupações do dia a dia, muitas vezes inobservados ou até incompreendidos e ignorados pelos grandes da terra, mas vistos com amor pelo Pai, são obreiros incansáveis que trabalham na vinha do Senhor, artífices humildes e grandes — certamente pelo poder da graça de Deus — do crescimento do Reino de Deus na história.” (Christi Fideles Laici, 17 )
               
João Paulo II convida os leigos a ser testemunhas, missionários da fé. A sua chamada não pode ficar como algo privado e particular. Pelo contrário, o Papa convida-os a descobrir-se olhados pelo amor do Pai, um amor que enche de esperança, de coragem, de paixão pelo trabalho na sua vinha. A força do Senhor que se descobre no fundo do coração impulsiona a sair como enviados. Homens e mulheres leigos estão chamados a seguir a Jesus, o Enviado (Jo 5, 19-47; 7, 25-30; 8, 29), para com Ele e como Ele, viver desde a vontade do Pai e em sua companhia, para sair com o Mestre enviados aos caminhos da história.

                A vocação laical é também apostólica. Escutar a própria chamada necessariamente é receber um envio. Os leigos descobrirão, dentro da sua própria vocação pessoal, como e a quem são enviados concretamente pelo Senhor dentro das complicações do mundo (Lc 9, 1-6; 20, 1-16; Jo 3, 28), mas sempre enviados a proclamar, com o testemunho e a palavra, a Boa Nova de Jesus, a proclamar que Ele vive entre nós. Todos ao serviço do Reino desde o seu carisma concreto, desde o seu envio pessoal.
               
Também os leigos são enviados como “despertadores vocacionais” para ajudar a que outras pessoas descubram o Senhor e a própria chamada ao seguimento. Ser testemunhas que suscitam novas testemunhas. Será que se pode guardar só para si mesmo a alegria de seguir Jesus e viver na comunidade de crentes que é a Igreja?  
               
Para leigos adultos, esta missão de ajudar a outros a descobrir-se chamados pelo Senhor tem uns destinatários especiais: os jovens. Já o Papa Paulo VI no ano 1965 lançou aos leigos o desafio de se aproximarem e dialogarem com os jovens, de ser testemunhas eficazes entre as novas gerações.  

 “Os adultos procurem estabelecer com os jovens um diálogo amigo que permita a ambas as partes, superando a distância de idades, conhecerem-se mutuamente e comunicarem uns aos outros as próprias riquezas. Estimulem os adultos a juventude ao apostolado, primeiro pelo exemplo e, dada a ocasião, por conselhos prudentes e ajuda eficaz. E os jovens mostrem para com os mais velhos respeito e confiança. E, ainda que por natureza são inclinados a novidades, tenham, contudo, na devida estima aquelas tradições que são válidas. Também as crianças têm a sua própria actuação apostólica. Segundo as suas forças, são em verdade testemunhos vivos de Cristo entre os companheiros” (Apostolicam Actuositatem, 12).
               
Teresa de Ávila, nos primeiros tempos da sua vida, fala-nos de uma experiência contagiosa: a sua amizade com Maria de Briceño, monja no mosteiro da Graça. Esta comparte a sua vida com Teresa e fala-lhe do Evangelho, suscitando novos desejos, abrindo novos horizontes, oferecendo humildemente um testemunho luminoso de vida entregue ao Senhor. Teresa contará com toda a simplicidade a sua mudança pessoal graças a esta mulher e com isso deixa a todos os adultos um convite: permanecer perto dos jovens para ajudá-los a descobrir a Cristo e a sua chamada pessoal ao seguimento.

“Começando, pois, a gostar da boa e santa conversação desta freira, folgava de ouvir quão bem ela falava de Deus, porque era muito discreta e santa. Isto, a meu parecer, em nenhum tempo deixei de gostar. Começou-me a contar como veio a ser freira só por ter lido o que diz o Evangelho: «muitos são chamados e poucos os escolhidos». Dizia-me o prémio que o Senhor dava aos que tudo deixam por Ele. Começou esta boa companhia a desterrar os costumes que a má tinha feito, e a tornar a pôr no meu pensamento desejos das coisas eternas e a tirar algo da grande repugnância que eu tinha em ser freira, que se me tinha tornado grandíssima” (V 3,1)
               
Se este centenário do nascimento de Teresa de Jesus nos pode ajudar a redescobrir o nosso chamamento, também terá de ser compromisso e estímulo na nossa comum tarefa eclesial de ser testemunhas e evangelizadores, seguidores que suscitam novos crentes, muito especialmente entre os jovens. A tarefa dos leigos é insubstituível. A casa, a catequese, o trabalho… mil e uma ocasiões de desafiar rapazes e raparigas para a aventura do seguimento de Jesus. Una palavra, um gesto, uma pergunta que os irão pouco a pouco ajudando a descobrir-se chamados pelo Senhor com uma vocação particular, laical, sacerdotal ou consagrada.
               
Teresa de Jesus não nos vai dar métodos para isto, mas sim uma chave: esperar e orar, orar sem descanso. O laicado, desde o Concílio Vaticano II, é maior de idade e, como tal, viverá também o seu direito e obrigação de toda a Igreja. Leigos de coração livre e evangélico, cheios de Cristo e do seu Espírito, que arrastam com a sua vida a outros irmãos, leigos felizes também no meio da intempérie que, unidos a sacerdotes consagrados, constroem uma Igreja jovem e contagiosa.


PeRGUNTAS PARA A REFLEXão e o DIáLOGO
·            Sinto-me enviado/a?
·            Sinto-me consciencializado/a para ser despertador vocacional?
·            Dificuldades? Soluções?